Planta silvestre incorpora gene da Canola

Transgênico cruzou com planta silvestre na Inglaterra [1]

Campo de Canola - Clique para ampliar

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Além dos debates sobre os atentados terroristas e sobre as repercussões do brutal assassinato do mineiro que morava em Londres, a imprensa britânica vem dando grande destaque a descobertas científicas recentes que constataram que a canola transgênica testada no país cruzou com uma planta silvestre transferindo a ela sua característica de resistência a herbicida. O fato de a segurança dos transgênicos conseguir cobertura da imprensa em meio a tempos tão conturbados vividos pelos ingleses mostra a preocupação frente à extensão dos impactos recém-desvendados.

A canola transgênica da Bayer, resistente ao herbicida glufosinato de amônio, foi testada durante três anos pelo governo inglês. Governo, Bayer e cientistas diziam que os riscos de cruzamento da variedade transgênica com outras espécies eram inexistentes. Após a conclusão do experimento, cientistas do Centro de Ecologia e Hidrologia continuaram monitorando esses campos e verificaram que neles cresciam plantas que não eram controladas pelo herbicida. Essas plantas são híbridas resultantes da canola transgênica com mostarda silvestre (Sinapis arvensis).

Brian Johnson, um dos pesquisadores que integrou a equipe governamental encarregada dos ensaios experimentais considera relevantes as novas descobertas e afirma que “Basta uma ocorrência em milhões. Uma vez criada, a nova planta tem enorme vantagem adaptativa e se multiplicará rapidamente”.

As sementes de mostarda podem ficar no solo por períodos de 20 a 30 anos antes de germinarem, colocando sérias dúvidas sobre a possibilidade de se controlar a variedade transgênica uma vez que ela produza sementes. No Canadá, onde a canola transgênica é cultivada comercialmente, os produtores também enfrentam problemas para controlar essas super plantas invasoras, que não são mais controladas nem pela aplicação de dois ou três tipos diferentes de herbicidas após o cultivo de variedades transgênicas resistentes a herbicidas.

O relatório do estudo que relata a transferência de genes afirma que “no ano subseqüente à conclusão dos ensaios com a canola transgênica, plantas que cresciam espontaneamente na área foram testadas com a aplicação de herbicidas. Uma única planta de mostarda não foi afetada e suas folhas foram então submetidas a testes para detecção de modificação genética. A presença do gene modificado foi confirmada. Verificamos que um e dois anos após o experimento uma parte das plantas que cresciam no local era tolerante ao herbicida glufosinato de amônio”.

O ex-ministro do meio ambiente britânico Michael Meacher reagiu às informações: “lembro de terem me garantido enquanto eu era ministro de que isso jamais aconteceria. Não podemos aceitar o risco de plantas transgênicas contaminarem plantas silvestres de forma imprevisível. Deveríamos proibir cultivos transgênico que tenham parentes silvestres no país”.

Bayer retira pedido para produção de canola transgênica [2]

A multinacional Bayer CropScience, de origem alemã, retirou nesta terça-feira (26-07) o pedido feito à União Européia (UE) para o cultivo da semente geneticamente modificada da oleaginosa canola. A informação foi confirmada pela porta-voz da Comissão Européia, braço executivo da UE.

A decisão da Bayer Cropscience segue medida semelhante adotada por outras empresas que tentavam comercializar seus produtos transgênicos na UE. Barbara Helfferich, porta-voz de Stavros Dimas, comissário para meio ambiente da Europa, confirmou que a “Bayer retirou o pedido para cultivar (a variedade transgênica)”.

Segundo a porta-voz, alguns países do bloco, incluindo a Alemanha, expressaram receio quanto à segurança do produto. Mas afirma que a companhia ainda busca aprovação para importar semente de canola. A Bayer foi a única companhia que pediu permissão para cultivar comercialmente a semente transgênica na Europa. As companhias estão centrando os pedidos em permissões para impo rtação de produtos geneticamente modificados, ao invés de cultivo que não costuma gerar muitos lucros.

[1] Por Boletim Transgênico 03/08/2005 – Número 263 – 29 de julho de 2005 [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/08/325702.shtml]

[2] Agência Estado, 26/07/05. [http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2005/08/325702.shtml]

2 comentários

    • Inês em 4 de setembro de 2009 às 23:18
    • Responder

    Sem contar com o óleo de oliva, qual seria o mais indicado?

    1. De todos os óleos comestíveis, o que ganha longe dos outros é o óleo de coco. Dê uma pesquisada na Internet.
      Abs, Paulo

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