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Existe “cura” para os gays?

No dia 18/06/2013, com o título “Proposta sobre ‘cura gay’ é aprovada em comissão presidida por Feliciano”, a Folha de São Paulo escreveu:

Sob o comando do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara aprovou nesta terça-feira (18) projeto que permite aos psicólogos promover tratamento com o objetivo de curar a homossexualidade.

A proposta, conhecida como “cura gay”, terá que passar ainda por outras duas comissões da Casa: Seguridade Social e Constituição e Justiça. Se aprovada em ambas, segue para o plenário da Câmara.

O projeto de decreto legislativo PDC 234/2011, de autoria do deputado João Campos (PSDB-GO), suspende dois trechos de resolução instituída em 1999 pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia). O primeiro trecho sustado afirma que “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.

A proposta aprovada hoje anula ainda artigo da resolução que determina que “os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica”.

Na justificativa do documento, Campos afirma que o conselho “extrapolou seu poder regulamentar” ao “restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional”.

A votação é uma vitória da bancada evangélica, que tenta avançar com o projeto há dois anos. 1

O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Wadih Damous, classificou nesta quarta-feira (10) como “lamentável” a aprovação pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara do projeto que autoriza piscólogos a proporem tratamento para reverter a homossexualidade, a chamada “cura gay”.

Para Wadih Damous, segundo nota da OAB, a aprovação é “mais um dos absurdos cometidos pela chamada de Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados”. “É lamentável uma proposição como essa justamente no momento em que o país assiste a uma mobilização social capaz de enfrentar práticas fundamentalistas e dar efetividade à defesa e garantia dos direitos humanos”, afirmou. 2

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, disse hoje (18) que vai trabalhar para que o projeto que autoriza psicólogos a tratar homossexuais com o objetivo de curá-los, a chamada “cura gay”, não seja aprovado em outras comissões da Câmara dos Deputados. O projeto foi aprovado hoje na Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania (inclusive quanto ao mérito).

“Quando o projeto fala em cura, ele considera os homossexuais como pessoas que estão doentes e não considera a diversidade sexual como um direito humano que deve ser respeitado. As pessoas têm a liberdade de serem como são, de acordo com a sua própria identidade. O básico é dizermos que o projeto é muito ruim e eu espero que ele não seja aprovado”, disse a ministra após encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). 3

Já no dia seguinte da proposta citada, Marco Feliciano ameaça ‘rebelião’ se governo interferir no projeto ‘cura gay’:

Com um discurso inflamado, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marco Feliciano (PSC-SP), ameaçou nesta quarta-feira (19) uma rebelião da bancada evangélica –composta por 80 deputados– caso o governo interfira na votação do projeto conhecido como “cura gay”. A mensagem foi dita quando o deputado chegava para uma audiência pública da comissão.

Feliciano recomendou “juízo para a dona ministra”, disse que ela “mexe onde não devia” e recomendou que ela procure a presidente Dilma Rousseff porque “o próximo ano” tem eleições:

“O governo sempre tenta barrar [projetos]. Isso acontece com todos os projetos, não é somente com esse. É o jogo político”, disse. “Queria aproveitar e mandar um recado: dona ministra Maria do Rosário dizer que o governo vai interferir no Legislativo é muito perigoso. É perigoso dona ministra principalmente porque ela mexe com a bancada inteira”, afirmou.

Segundo o deputado, a ministra deveria procurar a presidente Dilma Rousseff antes de falar. “A ministra falar que vai colocar toda máquina do governo para impedir um projeto. Acho que ela está mexendo onde não devia, senhora ministra juízo, fale com a sua presidente porque o ano que vem é político”, completou. 4

Mas, afinal, qual é o problema do deputado federal Pastor Marco Feliciano com a Psicologia e a questão homossexual?

Em primeiro lugar vamos analisar a questão histórica da homossexualidade, que atualmente não é mais vista nem como um “desvio sexual” (classificação que caiu em 1965), nem como uma doença (modificada em 1990).

As primeiras tentativas de classificar a homossexualidade como uma doença foram feitas pelo movimento sexólogo europeu no final do século XIX. Em 1886 o notável sexólogo Richard von Krafft-Ebing listou a homossexualidade junto com 200 outros estudos de casos de práticas sexuais desviantes em sua obra definitiva, Psychopathia Sexualis. Krafft-Ebing propôs que a homossexualidade era causada por uma “inversão congênita” que ocorria durante o nascimento ou uma “inversão adquirida”. Nas duas últimas décadas do século XIX, uma visão diferente começou a predominar nos círculos médicos e psiquiátricos, a julgar o comportamento, como indicativo de um tipo de pessoa com uma definida e relativamente estável orientação sexual.

Em 1952, quando a Associação Americana de Psiquiatria publicou o seu primeiro Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), a homossexualidade foi incluída como uma desordem. Quase imediatamente, no entanto, essa classificação começou a ser submetida ao escrutínio crítico em uma pesquisa financiada pelo Instituto Nacional de Saúde Mental. Esse estudo e a pesquisa subsequente falharam em conseguir apresentar qualquer base empírica ou científica para considerar a homossexualidade como um distúrbio ou anormalidade, ao invés de uma orientação sexual normal e saudável. Como resultado dessa pesquisa acumulada, os profissionais em medicina, saúde mental e em ciências comportamentais e sociais chegaram à conclusão de que era incorreto classificar a homossexualidade como uma desordem mental e que a classificação do DSM refletia pressupostos não testados com base em normas sociais prevalentes e impressões clínicas a partir de amostras representativas compostas por pacientes que procuram tratamento e por indivíduos cujo comportamento trouxe para o sistema de justiça criminal.*5

Em reconhecimento da evidência científica, a Associação Americana de Psiquiatria retirou a homossexualidade do DSM em 1973, afirmando que “a homossexualidade em si não implica qualquer prejuízo no julgamento, estabilidade, confiabilidade ou capacidades gerais sociais e vocacionais.” Depois de uma profunda revisão de dados científicos, a Associação Americana de Psicologia adotou a mesma posição em 1975, e exortou todos os profissionais de saúde mental “para assumir a liderança em eliminar o estigma de doença mental que há muito tem sido associado com orientações homossexuais.” A Associação Nacional dos Trabalhadores Sociais adotou uma política similar.

Assim sendo, os profissionais e pesquisadores de saúde mental há muito reconheceram que ser homossexual não constitui obstáculo inerente à liderança de uma vida feliz, saudável e produtiva, e que a grande maioria dos gays e lésbicas funcionam bem em toda a gama de instituições sociais e de relações interpessoais.

Em 1987 também foi removida do DSM a categoria Homossexualidade Ego-Distônica, que acontecia quando a pessoa tinha atração por outra do mesmo sexo, se sentia mal por isso e buscava tratamento. E em 1990 uma resolução também removeu a Homossexualidade como transtorno mental da Classificação Internacional de Doenças (CID), uma publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Historicamente, o termo “homossexualismo” passou a existir no CID a partir da 6ª Revisão (1948), na Categoria 320 (Personalidade Patológica), como um dos termos de inclusão da subcategoria 320.6 (Desvio Sexual). Manteve-se assim na 7ª Revisão (1955) e na 8ª Revisão (1965) o homossexualismo saiu da categoria “Personalidade Patológica” e ficou na categoria “Desvio e Transtornos Sexuais” (código 302), sendo que a subcategoria específica passou a 302.0 – Homossexualismo. A 9ª Revisão (de 1975), manteve o homossexualismo na mesma categoria e subcategoria, porém, já levando em conta opiniões divergentes de escolas psiquiátricas, colocou sob o código a seguinte orientação “Codifique a homossexualidade aqui seja ou não a mesma considerada transtorno mental”. E no dia 17 de maio de 1990, a Assembleia-geral da OMS retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais do CID.

Portanto, a homossexualidade passou a ser considerada uma “variação normal” dos seres humanos, assim como a heterossexualidade e a bissexualidade:

A Associação Americana de Psiquiatria, a Associação Americana de Psicologia e a Associação Nacional dos Trabalhadores Sociais, em 2006, declararam: “Atualmente, não há consenso científico sobre os fatores específicos que levam um indivíduo a tornar-se heterossexual, homossexual ou bissexual, incluindo possíveis efeitos biológicos, psicológicos ou sociais da orientação sexual dos pais. No entanto, as evidências disponíveis indicam que a grande maioria das lésbicas e adultos homossexuais foram criados por pais heterossexuais e que a grande maioria das crianças criadas por pais gays e lésbicas crescem como heterossexuais.” 5

A pesquisa e a literatura clínica demonstram que atração sexual e romântica pelo mesmo sexo são sentimentos e comportamentos normais e variações positivas da sexualidade humana. O consenso de longa data das ciências comportamentais e sociais e dos profissionais de saúde e saúde mental é que a homossexualidade, por si só, é uma variação normal e positiva da orientação sexual humana.

Até a Sociedade Chinesa de Psiquiatria retirou a homossexualidade da Classificação Chinesa de Transtornos Mentais em 2001, após cinco anos de estudo pela associação. O Royal College of Psychiatrists, do Reino Unido, afirmou:

“Esta história lamentável demonstra como a marginalização de um grupo de pessoas que têm um traços de personalidade em particular (neste caso a homossexualidade) pode levar a prática médica nociva e uma base para a discriminação na sociedade. Existe agora um grande corpo de evidências de pesquisa que indica que ser gay, lésbica ou bissexual é compatível com a saúde mental normal e ao ajustamento social. No entanto, as experiências de discriminação na sociedade e uma possível rejeição por amigos, familiares e outros, tais como empregadores, significa que algumas pessoas LGB têm uma experiência maior que a esperada na prevalência de problemas de saúde mental e de uso indevido de substâncias. Embora tenha havido reclamações por grupos políticos conservadores nos Estados Unidos que esta maior prevalência de problemas de saúde mental é a confirmação de que a homossexualidade é um transtorno mental em si, não há qualquer evidência para fundamentar tal afirmação.” 5

No Brasil, em 1985, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) deixou de considerar a homossexualidade como um desvio sexual e, em 1999, estabeleceu regras para a atuação dos psicólogos em relação a questões de orientação sexual, declarando que “a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão” e que os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da homossexualidade.

Eis a Resolução do CFP de 1999:

RESOLUÇÃO CFP N° 001/99 DE 22 DE MARÇO DE 1999

 

“Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual”

O CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, no uso de suas atribuições legais e regimentais,

CONSIDERANDO que o psicólogo é um profissional da saúde;

CONSIDERANDO que na prática profissional, independentemente da área em que esteja atuando, o psicólogo é frequentemente interpelado por questões ligadas à sexualidade.

CONSIDERANDO que a forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade do sujeito, a qual deve ser compreendida na sua totalidade;

CONSIDERANDO que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão;

CONSIDERANDO que há, na sociedade, uma inquietação em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida sócio-culturalmente;

CONSIDERANDO que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações;

RESOLVE:

Art. 1° – Os psicólogos atuarão segundo os princípios éticos da profissão notadamente aqueles que disciplinam a não discriminação e a promoção e bem-estar das pessoas e da humanidade.

Art. 2° – Os psicólogos deverão contribuir, com seu conhecimento, para uma reflexão sobre o preconceito e o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas.

Art. 3° – os psicólogos não exercerão qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, nem adotarão ação coercitiva tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados.

Parágrafo único – Os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades.

Art. 4° – Os psicólogos não se pronunciarão, nem participarão de pronunciamentos públicos, nos meios de comunicação de massa, de modo a reforçar os preconceitos sociais existentes em relação aos homossexuais como portadores de qualquer desordem psíquica.

Art. 5° – Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6° – Revogam-se todas as disposições em contrário.

 

Brasília, 22 de março de 1999.

ANA MERCÊS BAHIA BOCK

Conselheira Presidente

 

E foi justamente em relação a esta Resolução do CFP que o deputado João Campos (PSDB/GO) elaborou o Projeto de Decreto Legislativo PDC 234/2011, apresentado em 02/06/2011, que propõe o seguinte:

Susta a aplicação do parágrafo único do art. 3º e o art. 4º, da Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 1/99 de 23 de Março de 1999, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual.

O Conselho Federal de Psicologia (CFP) considera um retrocesso a aprovação do projeto chamado “cura gay” pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Segundo a conselheira do CFP, Cynthia Ciarallo, a resolução fere um direito já consolidado constitucionamente. O conselho ressalta que, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do rol de doenças.

“Temos avanços no Judiciário relacionados ao reconhecimento da união estável, relacionados a possibilidade de adoção, tantos avanços hoje já colocados. Agora temos um debate que não só compromete uma resolução de um conselho profissional, mas o próprio debate acerca disso”, disse Cynthia. “Quando avançamos, de repente isso se torna um motivo a mais para acirrar toda a violência que as pessoas com orientação homossexual sofrem no país”. 6

Seguindo a mesma linha de pensamento, o deputado federal Henrique Afonso (PV/AC), evangélico, propôs a criação da “bolsa-estupro” para evitar que mulheres vítimas de violência sexual optem por fazer o aborto. Segundo a proposta do deputado, as mulheres vítimas de estupro poderão requerer do Estado, um salário mínimo por 18 anos, a partir do nascimento do bebê. O aborto para gravidez resultante de estupro é permitido no Brasil desde o Código Penal de 1940.

Há ainda um item que prevê que o governo ofereça tratamento psicológico às vítimas de estupro, com especialistas orientados a convencer essas mulheres a desistirem do aborto. “O psicólogo comprometido com a doutrina cristã deve influenciar a mulher e fazer com que ela mude de opinião”, defende o deputado. Porém, o código de ética dos profissionais de psicologia os proíbe de “induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual”.

Para o deputado Henrique Afonso, mesmo em casos de gravidez de risco, o aborto é atentado à vida: “O aborto, para nós evangélicos, é um ato contra a vida em todos os casos, não importa se a mulher corre risco ou se foi estuprada”.

Sobre a questão de se criar leis baseadas em crenças religiosas, o deputado afirmou que legisla dentro daquilo que entende ser correto. “Essa questão do Estado laico é muito debatida, tem gente que me diz que eu não devo legislar como cristão, mas é nisso que eu acredito e faço o que Deus manda, não consigo imaginar separar as duas coisas”, afirmou ao jornal “O Estado de S. Paulo”. 7

Já que os evangélicos estão usando a “vontade de Deus” para justificar os seus projetos de lei, vamos ver o que o Deus do Antigo Testamento (Yahweh, יהוה), manda fazer na questão dos homossexuais:

Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo:

“Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é” Levítico 18:22

“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.” [Almeida Corrigida e Revisada Fiel]

“Se um homem se deitar com outro homem como quem se deita com uma mulher, ambos praticaram um ato repugnante. Terão que ser executados, pois merecem a morte.” [Nova Versão Internacional]

“Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometerão uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa.” [Versão Católica]

“O homem que se deita com outro homem como se fosse uma mulher, ambos cometeram uma abominação, deverão morrer, e o seu sangue cairá sobre eles.” [Bíblia de Jerusalém]

Levítico 20:13

Portanto, Deus Yahweh não manda que um homossexual (que para o Pastor Silas Malafaia é só uma “opção” de vida) faça terapia com psicólogo para “curar” sua doença do comportamento – Deus manda matar os dois homens e derramar o seu sangue sobre eles mesmos!

Só que, para sermos sensatos e coerentes com este discurso bíblico da vontade de Deus, teríamos também que seguir Sua Lei em outros mandamentos, matando também todo homem que:

“amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe”, certamente morrerá;

“adulterar com a mulher de outro”, certamente morrerá o adúltero e a adúltera;

“se deitar com a mulher de seu pai” ambos certamente morrerão;

“se deitar com a sua nora”, ambos certamente morrerão;

“tomar uma mulher e a sua mãe”, a ele e a elas queimarão com fogo;

“se deitar com um animal”, certamente morrerá; e matareis o animal.

“tomar a sua irmã, filha de seu pai, ou filha de sua mãe, e vir a nudez dela, e ela a sua;

“se deitar com uma mulher no tempo da sua enfermidade, e descobrir a sua nudez”;

“se deitar com a sua tia descobriu a nudez de seu tio”; sem filhos morrerão.

“tomar a mulher de seu irmão”, sem filhos ficarão.

“Também a mulher que se chegar a algum animal, para ajuntar-se com ele, aquela mulher matarás bem assim como o animal; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.”

“Quando, pois, algum homem ou mulher em si tiver um espírito de necromancia ou espírito de adivinhação, certamente morrerá; serão apedrejados; o seu sangue será sobre eles.”

Levítico 20:1-27

E mais:

“A feiticeira não deixarás viver. Todo aquele que se deitar com animal, certamente morrerá. O que sacrificar aos deuses, e não só ao SENHOR, será morto.” Êxodo 22:18-20

“Toda a pessoa que comer algum sangue, aquela pessoa será extirpada do seu povo.” Levítico 7:27

“E aquele que blasfemar o nome do SENHOR, certamente morrerá; toda a congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural, blasfemando nome do SENHOR, será morto.” Levítico 24:16

“Todo aquele que se aproximar do tabernáculo do SENHOR, morrerá; seremos pois todos consumidos?” Números 17:13

“O homem, pois, que se houver soberbamente, não dando ouvidos ao sacerdote, que está ali para servir ao SENHOR teu Deus, nem ao juiz, esse homem morrerá; e tirarás o mal de Israel.” Deuteronômio 17:12

“Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos, Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar; E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.” Deuteronômio 21:18-21

Se fôssemos voltar, assim, às Leis do Deus do Antigo Testamento, o mundo viraria um verdadeiro mar de sangue, do qual muitos dos nossos filhos e a maioria dos evangélicos também não escapariam!

Já em relação ao Novo Testamento, é Paulo de Tarso que dá ênfase à polêmica das questões sexuais dos seus discípulos e dos gentios e as diversas variações da prostituição:

“Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.” Romanos 1:26-27

Temos que entender uma coisa importante nesta altura da análise: cada apóstolo teve uma forma de compreender o cristianismo e de pregá-lo. Isso tem a ver com a formação cultural de cada pessoa e cria um ponto de vista individual, que leva ao que a Psicologia chama de “Atenção Seletiva”:

“Se você está comprometido com uma teoria, a tendência é ignorar fatos inconsistentes com ela. Pode ser que você nem repare em um dado inesperado. A explicação para isso está no cérebro. Há informações demais à nossa volta, e o cérebro precisa filtrá-las. Dados “estranhos” nem serão memorizados. Essa é uma das funções de uma região cerebral chamada córtex pré­-frontal dorsolateral: suprimir informações indesejadas”, diz o professor de Psicologia Kevin Dunbar. 8

Outro grande pesquisador de concorda com esta questão da “opinião pessoal” é Bart Ehrman, professor de estudos religiosos na Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, Ehrman já escreveu 21 livros sobre religião.

Ao ser perguntado: “É possível definir qual é a maior contradição da Bíblia?”

Bart Ehrman respondeu:São muitas discrepâncias, mas é possível destacar duas. O apóstolo Paulo, por exemplo, acha que a pessoa chega a Deus apenas pela fé, e não pelo que faz. No capítulo 24 de Mateus, no entanto, nós lemos que boas ações levam ao reino dos céus. Essas duas visões são excludentes em um assunto determinante, que é a salvação. Também há visões diferentes sobre quem era Jesus. No evangelho de João, Jesus é Deus, mas nos textos atribuídos a Marcos, Mateus e Lucas não há nada sobre isso. No evangelho de Mateus fica claro que ele acredita que Jesus é um ser humano, e que é o Messias. A Igreja acabou juntando essas duas visões, de que ele é humano e divino, e criou um conceito que não está escrito nem em João e nem em Mateus.”

Pergunta: O senhor acha que essas discrepâncias fazem da Bíblia uma história falsa?

Bart Ehrman:Eu diria que os diferentes autores da Bíblia tem versões diferentes da história e por isso é errado tentar fazer com que eles digam a mesma coisa. Há muitos erros na Bíblia e, mais importante que isso, há diferentes pontos de vista teológicos e isso precisa ser reconhecido.” 9

Existe um consenso hoje entre os estudiosos do Novo Testamento, que o relato de Marcos foi usado como fonte para Mateus e Lucas. Mas é interessante observarmos que a descrição da morte de Jesus combina em Marcos e Mateus mas é totalmente diferente de Lucas:

“E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste”. Marcos 15:34 “E Jesus, dando um grande brado, expirou.” Marcos 15:37

“E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” Mateus 27:46 “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito.” Mateus 27:50

“E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartindo as suas vestes, lançaram sortes.” Lucas 23:34 “E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso.” Lucas 23:42-43 “E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou.” Lucas 23:46

Em Marcos e Mateus, Jesus grita para Deus perguntando porque foi por Ele abandonado, e morre em um grito de desamparo. Já em Lucas ele conversa com os ladrões, mansamente, e entrega o seu espírito nas mãos de Deus. Já em João o relato é completamente diferente:

“Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa. Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede. Estava, pois, ali um vaso cheio de vinagre. E encheram de vinagre uma esponja, e, pondo-a num hissope, lha chegaram à boca. E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.” João 19:26-30

Isto se chama, na metodologia do estudo bíblico, de “Objetivo do autor: este critério é o outro lado do critério de dissimilaridade. Quando o material apresentado serve aos propósitos do autor ou do editor, ele é suspeito. Várias seções nas narrativas do Evangelho, como o Massacre dos Inocentes por exemplo, retratam a vida de Jesus como o cumprimento de profecias do Antigo Testamento. Na visão de alguns estudiosos, isso pode apenas refletir o objetivos literário do autor, e não acontecimentos históricos.

Voltando a Paulo de Tarso, na época das suas pregações ele era virgem e provavelmente assim ficou até a sua morte porque apreciava esta condição, ensinando-a para os outros:

“Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se.”  1 Coríntios 7:7-9

Devido à sua valorização da pureza da virgindade, Paulo de Tarso combatia todo tipo de abuso sexual e prostituição:

“Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.” 1 Coríntios 6:18

“Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.” 1 Coríntios 7:2

“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia” Gálatas 5:19

“Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição” 1 Tessalonicenses 4:3

“Que, quando for outra vez, o meu Deus me humilhe para convosco, e chore por muitos daqueles que dantes pecaram, e não se arrependeram da imundícia, e prostituição, e desonestidade que cometeram.”  2 Coríntios 12:21

“Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria” Colossenses 3:5

“Mas a prostituição, e toda a impureza ou avareza, nem ainda se nomeie entre vós, como convém a santos” Efésios 5:3

“Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará.” Hebreus 13:4

“Estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade” Romanos 1:29

E é justamente na continuidade deste tema de profunda aversão a todo tipo de prostituição, que Paulo de Tarso escreve a tão polêmica frase que incluiu a homossexualidade:

“Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” 1 Coríntios 6:10 [Almeida Revista e Atualizada]

“Acaso não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis; nem fornicários, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbedos, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus.”  1 Coríntios 6:9-10 [Sociedade Bíblica Britânica]

“Então não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus? Não vos iludais! Nem os impudicos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os bêbados, nem os injuriosos herdarão o Reino de Deus.” 1 Coríntios 6:9-10 [Bíblia de Jerusalém]

Finalmente, na tradução bíblica da Nova Versão Internacional, os termos foram escritos de forma a “não deixarem dúvidas” quanto à homossexualidade:

“Vocês não sabem que os perversos não herdarão o Reino de Deus? Não se deixem enganar: nem imorais, nem idólatras, nem adúlteros, nem homossexuais passivos ou ativos, nem ladrões, nem avarentos, nem alcoólatras, nem caluniadores, nem trapaceiros herdarão o Reino de Deus.” 1 Coríntios 6:9-10

O original grego está escrito assim:

Η δεν εξευρετε οτι οι αδικοι δεν θελουσι κληρονομησει την βασιλειαν του Θεου; Μη πλανασθε· ουτε πορνοι ουτε ειδωλολατραι ουτε μοιχοι ουτε μαλακοι ουτε αρσενοκοιται ουτε κλεπται ουτε πλεονεκται ουτε μεθυσοι ουτε λοιδοροι ουτε αρπαγες θελουσι κληρονομησει την βασιλειαν του Θεου. 1 Coríntios 6:9-10

E as palavras tão questionadas são: malakoi (μαλακοι) e arsenokoitai (αρσενοκοιται).

A primeira palavra (malakoi) aparece em outros dois textos no Novo Testamento:

“Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido?(μαλακα – malaka)? Mateus 11,8. “Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes delicadas?(μαλακα – malaka)? Lucas 7,25.

Pelo contexto, percebemos que a palavra malakoi significa algo como “delicado”, “macio ao toque” ou “luxuoso”. Na literatura grega malakoi é utilizado como gíria para se referir aos jovens considerados fracos (como para o serviço militar) ou efeminados. O termo também pode se referir aos jovens abusados sexualmente por adultos. Há que pense em “masturbadores” (Boswell) ou “prostitutos” (Countryman). Nos dicionários gregos, μαλακos aparece como “mole, brando, doce, agradável; sem forças nem vigor” e μαλακws como “sem força, sem vigor, de maneira efeminada, debilmente.”

A segunda palavra (arsenokoitai) aparece de novo apenas em 1 Timóteo 1,10: “impuros, sodomitas (αρσενοκοιτας – arsenokoitai), raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina”.

Infelizmente o contexto não permite que se defina com precisão o significado dessa palavra. Para piorar o termo não aparece na literatura secular grega da época. Há que tente ver ligação entre arsenokoitai (arseno = homem, koitai = cama) e a expressão grega arsenos ou koimetese koiten, que aparece na versão grega do livro do Levítico (versão que provavelmente foi utilizada pelos apóstolos). 10

Os religiosos que garantem que estas palavras significam homossexual passivo e ativo, escrevem:

1 – O adjetivo pronominal, nominativo, masculino, plural μαλακοι (malakoí)

Nos principais léxicos podemos encontrar as seguintes definições para o termo grego malakoí;

“Suave, macio ao toque, delicado […]; um meio de luxúria contrário à natureza, efeminado.” (MULTON, Léxico grego-analítico, Cultura Cristã, 2007, p. 269);

“Efeminado, um termo técnico para o parceiro passivo em relações homossexuais.” (RIENECKER e ROGERS, Chave linguística do N.T. grego, Vida Nova, 1995, p. 297);

“Macio, roupa fina, mole, efeminado (de um homem que submete seu corpo à concupiscência desnatural).” (TAYLOR, Dicionário do N.T. grego, JUERP, 1991, p. 131)

“Tornar-se fraco, mole. 1. adj.: mole, macio: Lc 7.25; 2. subst.: a. neut. pl.: vestes macias, luxuosas: Mt 11.8; b. masc. pl.: efeminado: 1 Co 6, 9.” (RUSCONI, Dicionário do Grego do Novo Testamento, Paulus, 2003, p. 294)

“Suave, suave ao toque” (em latim, mollis; em português, “molificar, emoliente”), é usado para descrever: (a) roupas (Mt 11.8, duas vezes, “finas”, ARA; Lc 7.25, “delicadas”); (b) metaforicamente, num sentido ruim, diz respeito a “efeminados” (1 Co 6.10), não simplesmente acerca de um homem que pratica formas lascívia, mas, a pessoas em geral, que são culpadas do hábito dos pecados da carne, voluptuoso” (VINE; UNGER; WHITE JR., Dicionário VINE, CPAD, 2003, p. 583)

“Nos autores clássicos, o termo (malakia) originalmente significava “maciez”, mas também veio a ser usado para homens efeminados. Nos escritores médicos, descrevia “fraqueza” ou “doença” generalizada. O uso grego posterior o vinculava com nossos, “enfermidade”, para indicar a doença do corpo”. (COENEN; BROWN, Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Vida Nova, 2000, p. 884

2 – O substantivo nominativo, masculino, plural αρσενοκοιται (arsenokoitai)

Observe as definições para o termo:

“Homossexual masculino.” (BROWN e COENEN, Dicionário Internacional de Teologia do N.T, Vida Nova, p. 971)

“Um homem que tem ralações sexuais com outro homem, homossexual.” (RIENECKER e ROGERS, Chave línguística do N.T. grego, Vida Nova, 1995)

“Alguém que se deita com um macho, sodomita (1 Co 6.9; 1 Tm 1.10).”  (MOULTON, Léxico Grego Analítico, Cultura Cristã, 2007, p. 59)

“Homossexual, sodomita: 1 Co 6,9.” (RUSCONI, Dicionário do Grego do Novo Testamento, Paulus, 2003, p. 78) 11

Pessoalmente, acredito que Paulo de Tarso realmente estava se referindo a homens afeminados e aos sodomitas (praticantes do sexo anal), dada a sua importância das questões ligadas à prostituição:

“Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas (αρσενοκοιται), nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus.” 1 Coríntios 6:10

“Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, Para os devassos, para os sodomitas (αρσενοκοιτας), para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina” 1 Timóteo 1:9-10

Mas o que me parece fundamental ser discutido aqui, principalmente em relação ao projeto de lei PDC 234/2011 chamado de “cura gay” dentro do ponto de vista cristão é o que diz Germano Luiz Ourique:

“Entretanto, a Bíblia não descreve a homossexualidade como um pecado “maior” do que qualquer outro. Todos os pecados são ofensivos a Deus. A homossexualidade é somente uma das muitas coisas enumeradas em I Coríntios 6:9-10, coisas que vão manter a pessoa afastada do reino de Deus. De acordo com a Bíblia, o perdão de Deus está disponível ao homossexual da mesma forma como está disponível a um adúltero, adorador de ídolos, assassino, ladrão, etc. Deus também promete força para conquistar a vitória sobre o pecado, incluindo homossexualidade, a todos quantos crerem em Jesus Cristo para salvação (I Coríntios 6:11; II Coríntios 5:17).” 12

Realmente, lembremos que Paulo de Tarso coloca junto com os homens afeminados e os sodomitas, outros pecados no mesmo grau: “os injustos e os obstinados, os ímpios e os pecadores, os profanos e os irreligiosos, os parricidas e os matricidas, os homicidas e os devassos, os idólatras e os adúlteros, os ladrões e os avarentos, os bêbados e os maldizentes, os roubadores de homens e os que são contrários à sã doutrina”.

Sobrou alguém sem pecados? Evangélicos, eu lhes pergunto: alguém dentre vós pode se enquadrar neste pedido de Jesus: “E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.”? João 8:7

Além disso, como disse Germano Ourique “o perdão de Deus está disponível ao homossexual da mesma forma como está disponível a um adúltero, adorador de ídolos, assassino, ladrão, etc.”. Então porque a necessidade de “curar” o homossexual com terapia, se ele pode apenas aceitar o sacrifício de Jesus e se salvar, mesmo tendo sido homossexual? Porque curá-lo, se ao aceitar o Cristo, ele já está salvo?

Além disso, os pastores evangélicos deveriam também propor leis que impusessem a cura dos outros pecados descritos pelo apóstolo Paulo de Tarso:

“Impureza, afeição desordenada, vil concupiscência, avareza, idolatria; devassidão, paixões, maus desejos, cobiça, mentira, adultério, lascívia, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, fornicação, libertinagem, superstição, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, orgias e coisas semelhantes a estas.”

Uma das grandes vantagens disso seria que os psicólogos teriam pacientes para o resto de suas vidas, mesmo trabalhando 24 horas por dia!

Ou, finalmente, se não aceitarmos o que foi dito por Jesus no Novo Testamento, devemos então olhar para o passado e seguir a lei daquele Deus do Antigo Testamento:

“Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles.” Levítico 20:13

Duas das religiões que mais crescem no mundo são o Islamismo e os Neo-Pentecostais, ou Evangélicos.

A homossexualidade é considerada um crime e é punida com a morte em muitos países islâmicos, como na Arábia Saudita, no Sudão, na Somália, na Mauritânia ou no Irão. 13

E parece que estamos caminhando num sentido parecido com o predomínio dos evangélicos em nosso país… Entre as notícias mais recentes, temos o pastor Silas Malafaia defendendo o projeto da “cura gay”:

“A aprovação do projeto apelidado de “cura gay” na Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara dos Deputados foi amplamente divulgado pela imprensa, e alvo de críticas por entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Federal de Psicologia (CFP).

O pastor Silas Malafaia classificou a postura da imprensa na divulgação da notícia como “uma afronta à inteligência humana”. Grande parte dos veículos de comunicação transmitiu a ideia de que o projeto impõe aos psicólogos a obrigação de tentar reverter a preferência sexual de homossexuais. ”A imprensa brasileira na sua grande maioria engole tudo o que o ativismo gay promove, como verdade absoluta, sem o mínimo de análise imparcial”, afirmou Malafaia.

“O projeto tem a ver com Direitos Humanos. Nenhuma entidade de classe profissional, religiosa ou quem quer que seja, pode impedir uma pessoa de buscar ajuda se ela assim desejar e decidir. O que o Conselho Federal de Psicologia fez ao impedir que psicólogos tratem de homossexuais que vão pedir ajuda sobre a sua sexualidade, é uma afronta a Constituição e a própria ciência. Por que um heterossexual pode pedir ajuda a um psicólogo sobre sua sexualidade e um homossexual não? Em que parâmetros científicos e também legais você pode impedir um profissional de ajudar quem o procura?”, questionou Malafaia, que também é psicólogo.

Segundo o pastor, a postura contrária ao projeto por parte do CFP se deve a uma ideologia política, e não segue parâmetros mundiais na área: “O Conselho Federal de Psicologia está ideologizado pelos ‘esquerdopatas’ e pelo movimento gay. Pasmem os senhores: nenhum conselho ou sociedade de psicologia no mundo tem uma resolução tão imbecil e esdrúxula como esta. Em nenhum lugar do mundo o psicólogo é impedido de tratar quem o procura. É vergonhoso ver as ciências humanas virarem ciências exatas e servir ao ativismo gay”, criticou.

Em seu texto, Malafaia resume sua crítica dizendo que houve distorção dos fatos: “A safadeza da questão é que querem passar para a sociedade como se alguém estivesse obrigando os homossexuais a mudarem o seu comportamento, porque todos nós sabemos que qualquer psicólogo e médico que queira impor um tratamento a uma pessoa que não o deseja, é passivo de punição”, escreveu. 14

Ainda hoje eu comentava com amigos, a partir da ameaça do pastor e deputado federal Marco Feliciano de uma “rebelião da bancada evangélica”, que o Brasil está correndo o risco de ter um evangélico na presidência no próximo mandato, se o PT perder o seu lugar. E hoje li, estarrecido, a ambição de Feliciano:

O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) participou no último fim de semana do 5º Congresso Internacional de Missões, na cidade gaúcha de Sapucaia do Sul.

Durante seu sermão, Feliciano afirmou que é necessário que os evangélicos cresçam política e socialmente, para que os princípios cristãos sejam estabelecidos no país.

Segundo ele, é necessário “combater” o ativismo gay e seus princípios. “Na França, permitiram o casamento gay e hoje perderam essa luta. Por isso estou lá na Câmara Federal e precisamos chegar no Supremo Tribunal Federal. Precisamos chegar à Presidência da República, ao comando dos estados, prefeituras e câmara de vereadores”, declarou o pastor.

O evento foi organizado pela Associação Missionária e Evangelística Luz das Nações, e na oportunidade, Feliciano disse aos fiéis que o “avivamento” deveria começar pelo Rio Grande do Sul, pois os gaúchos “preservam suas raízes”.

Teologia da Prosperidade

No momento de arrecadação de dízimos e ofertas, o pastor disse aos fiéis que quem contribuísse com o evento seria abençoado: “É a semente. Em 2014, quando voltar, vou reservar dez minutos para ouvir testemunhos de quem está dando a semente hoje. Se não tiver resolvido seus problemas financeiros, se a semente de hoje não tiver se multiplicado em casa própria, carro, emprego ou seja lá qual for a sua necessidade, desisto de ser pastor”, afirmou, segundo informações do site Sul 21. 15

Ainda na época de Jesus os judeus seguiam as regras de matar por apedrejamento:

“E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.” João 8:4-6

Quando vem a resposta final de Jesus a este respeito:

“E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” João 8:6-7

 

Fontes:

 

  1. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1297075-proposta-sobre-cura-gay-e-aprovada-em-comissao-presidida-por-feliciano.shtml
  2. http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/06/para-oab-aprovacao-de-cura-gay-por-comissao-e-lamentavel.html
  3. http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=216509
  4. http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/06/1297589-feliciano-nega-provocacao-as-manifestacoes-e-recomenda-juizo-a-maria-do-rosario.shtml
  5. http://pt.wikipedia.org/wiki/Homossexualidade#Biogen.C3.A9tica
  6. http://imirante.globo.com/noticias/2013/06/19/aprovacao-do-projeto-da-cura-gay-e-retrocesso-diz-cfp.shtml
  7. http://blogs.odiario.com/inforgospel/2011/12/09/evangelico-e-deputado-propoe-o-bolsa-estupro-para-evitar-o-aborto-confira/
  8. http://drpaulomaciel.com.br/ciencia-maluca/
  9. http://ceticismo.net/2009/05/11/entrevista-com-bart-ehrman-a-biblia-nao-tem-inspiracao-divina/
  10. http://numinosumteologia.blogspot.com.br/2011/02/malakoi-arsenokoitai-na-nova-versao.html
  11. http://www.prazerdapalavra.com.br/proximo-domingo/continue-aprendendo/2287-a-questao-homossexual-e-a-fe-crista-coforme-o-texto-de-1-corintios-69-11-altair-germano.html
  12. http://leiaabiblia.blog.br/homossexualidade-%E2%80%93-o-que-diz-a-biblia/
  13. http://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o_e_homossexualidade
  14. http://noticias.gospelmais.com.br/malafaia-postura-imprensa-cura-gay-afronta-inteligencia-55865.html
  15. http://noticias.gospelmais.com.br/pastor-marco-feliciano-precisamos-presidencia-republica-55882.html

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