Os tratamentos alopáticos são eficazes?

A EFICÁCIA REAL DA MAIOR PARTE DOS TRATAMENTOS

MÉDICOS NUNCA FOI CONSTATADA! [1]

Clique para ampliar

Clique para ampliar

O argumento mais utilizado pelos defensores da medicina alopática, convencional ou farmacológica para desqualificar as terapias naturais e alternativas é o de que “não existem evidências científicas que avaliem os seus resultados”. A experiência clínica dos que trabalham com elas não lhes vale para nada. Entretanto, que eficácia real tem os tratamentos “médicos”? Estão “cientificamente” avaliados? Em absoluto.

British Medical Journal

British Medical Journal

O Jornal Britânico de Medicina (British Medical Journal) acaba de publicar uma investigação intitulada “Evidência Clínica” (Clinical Evidence) segunda a qual dos quase 2.500 tratamentos analisados só 13% são claramente benéficos, 23% podem ter algum benefício, 8% estão entre benéficos e prejudiciais, 6% é pouco provável que sejam benéficos e 4% podem ser ineficazes e/ou prejudiciais. Dos 46% restantes não se sabe nada!

Durante os últimos cinqüenta anos os guardiões da ortodoxia médica têm tratado de desacreditar, desmerecer, ridicularizar, atacar, vilipendiar, caluniar e/ou ignorar os resultados clínicos de todos os médicos e terapeutas que apostaram por caminhos diferentes para tentar recuperar a saúde de seus pacientes com o conhecido chavão de Não existem evidências científicas que avaliem seus resultados”. Para eles, os testemunhos dos pacientes eram simples anedotas e sua melhora eram casualidades ou milagres não demonstráveis. E a capacidade clínica do médico que os atendia, um atentado à “boa prática” quando não diretamente um delito pelo qual merecia a cadeia. Algo apoiado pela grande maioria da população – incluída uma boa parte dos médicos, cientistas e investigadores -, convencidos de que o que os médicos convencionais fazem diariamente está demonstrado cientificamente e é isso o que os separa dos “charlatães”. Não é pois sua sabedoria nem sua prática clínica. O que realmente dá valor aos seus tratamentos e prescrições é seu “aval científico”… só que, até agora, ninguém havia se preocupado em verificar a eficácia real dos mesmos; sobretudo dos sustentados pela farmacologia.

Bom, pois a resposta – ou ao menos uma primeira aproximação da mesma – chegou. E não partiu das terapias naturais, alternativas ou complementares mas sim de um dos esteios da própria Medicina convencional, alopática ou farmacológica, uma de suas principais referências científicas: o grupo de publicações do British Medical Journal que, para tratar de responder a essa incômoda pergunta e em um alarde de honestidade, pôs em marcha uma iniciativa denominada Clinical Evidence (http://clinicalevidence.bmj.com) que tem como finalidade ajudar as pessoas a tomar decisões informadas sobre que tratamentos seguir. “Para os médicos e pacientes – explicam em seu site – destacamos os tratamentos que funcionam, aqueles nos quais os benefícios superam aos danos; sobretudo os tratamentos que atualmente podem estar infra-utilizados. Também queremos destacar os tratamentos que não funcionam ou nos quais os danos superam os benefícios”.

As questões a serem respondidas pela equipe de especialistas do grupo, seus editores, revisores e analistas são basicamente três: Que proporção de tratamentos comumente utilizados estão apoiados por evidências de peso? Que porcentagem não deve ser utilizada ou utilizada só com precaução? Quais são as grandes lacunas no conhecimento científico? Bem, por enquanto não vamos entrar em detalhes pormenorizados das análises realizadas para cada um dos 2.500 tratamentos estudados – número suficientemente amplo para considerá-lo estatisticamente representativo dos tratamentos médicos atuais – mas vamos refletir sobre as conclusões que o British Medical Journal chegou.

E estas indicam que dos 2.500 tratamentos analisados só 13% podem ser considerados benéficos e que têm atrás de si o que seus revisores e analistas consideram “evidências contrastadas”. Só 13%! Quer dizer, só 325 tratamentos dos 2.500 analisados são considerados claramente benéficos. E 4% ineficazes ou plenamente prejudiciais para o paciente apesar do que continuam sendo utilizados. Ainda pior é que 46% dos tratamentos médicos são aplicados sem que estejam cientificamente fundamentados os seus benefícios ou se, ao menos, são inócuos e não prejudicam a saúde.

E si isto ainda fosse pouco, o resto dos tratamentos são puramente especulativos. Os investigadores britânicos afirmam que 23% poderiam ser benéficos porém não estão contrastados do todo,  8% não está claro se são benéficos ou prejudiciais e os 6% restantes entendem que é pouco provável que sejam benéficos.

MUITO POUCA EVIDÊNCIA CIENTÍFICA

Obviamente gostaríamos de nos estender, porém como não é legal reproduzir sem permissão as conclusões das revisões, nos limitaremos a citar alguns extratos que nos parecem significativos e ajudarão ao leitor a entender a transcendência deste informativo. Assim, por exemplo, ao falar do câncer colo-retal pode-se ler: “Não sabemos o quão eficaz é a colonoscopia na detecção do câncer colo-retal em pessoas sãs ainda que a intervenção se associe com morbidades raras porém graves, incluindo perfuração e hemorragia.” E ao falar do câncer de próstata primário se diz: “A prostatectomia radical pode reduzir a mortalidade em comparação com a espera vigilante em homens com câncer de próstata clinicamente localizado porém os benefícios na qualidade de vida ajustados em função da esperança parecem ser moderados”.

A respeito das dores de cabeça causadas por problemas de tensão crônica o sumario poderia ser: “Não encontramos provas suficientes para julgar a eficácia dos benzodiazepínicos ou os inibidores seletivos da recaptação de serotonina em seu tratamento ainda que ambas se associem com efeitos adversos significativos”. E um último exemplo, referido desta vez à rinite alérgica sazonal: “Os anti-histamínicos intranasais podem melhorar os sintomas em comparação com o placebo ainda que os estudos tenham dado resultados contraditórios e não sabemos se são tão efetivos como os anti-histamínicos orais. Nem sabemos se os descongestionantes orais reduzem os sintomas em comparação com o placebo porém o tratamento combinado com pseudoefedrina e anti-histamínicos orais podem ser mais eficaz comparativamente que o tratamento isolado”.

E assim uma larga lista de recomendações avaliadas com toda a documentação necessária referida aos distintos medicamentos e procedimentos terapêuticos. As análises concretas e pormenorizadas – com todo tipo de referencias e detalhes – dos 2.500 tratamentos estão à disposição dos médicos e pacientes interessados que previamente se registrem no site da Clinical Evidence.

Resumindo, já que 4% dos tratamentos analisados não só não são úteis como também são prejudiciais, em 37% existem dúvidas razoáveis e em 46% nem sequer há dados suficientes para pronunciar-se, podemos concluir que 87% dos tratamentos médicos não estão cientificamente avaliados. E quem os usa têm o descaramento de exigir daqueles que praticam diariamente terapias naturais carentes de efeitos secundários que demonstrem cientificamente seus resultados se querem ter credibilidade.

A essa falta de vergonha cabe acrescentar que se a maioria dos tratamentos alternativos ou complementares contassem com os milhares de milhões de euros para investigação que contam os tratamentos convencionais tal exigência quiçá tivera sentido; porém ao tratar-se de tratamentos não patenteáveis, esse dinheiro não chegará nunca. E aqueles que reclamam sabem disso. Ainda cabe aqui acrescentar que isto começa a ser verdade porque cada vez mais instituições e empresas –públicas e privadas – investigam sobre suas possibilidades porque afortunadamente nem todo o mundo se guia exclusivamente pelo lucro.

NAH

No dia 21 de fevereiro de 2009 o doutor Damien Downing – Director Médico da Alliance Natural Health, uma das mais importantes organizações européias defensoras dos métodos naturais de tratamento – foi convidado a falar pela PharmAware UK – uma organização de estudantes universitários de Medicina que sob o slogan “Criando médicos profissionais e éticos” está interessada em um conceito global da saúde – e ao ser perguntado pelo significado das cifras desveladas pelo British Medical Journal respondeu: “O mercado mundial de produtos farmacêuticos em 2007 se estimou em 712 bilhões de dólares. E o Clinical Evidence, o site do British Medical Journal, documenta que só 13% dos tratamentos médicos examinados demonstraram ter um efeito benéfico sendo a maior proporção, 46%, de eficácia desconhecida. Os benefícios de algumas das principais inversões estão pois longe de serem impressionantes: a Quimioterapia (U$ 13 bilhões em todo o mundo) tem um impacto de 2% sobre a sobrevivência em 5 anos. As estatinas (U$ 30 bilhões) uns 17% de diminuição de eventos coronários porém uns 25% de sintomas musculares. A Terapia Antirretroviral Altamente Activa o HAART (U$ 10 bilhões) de 4 a 12 anos de retardo na progressão da AIDS nos Estados Unidos e Europa, porém de 4 a 12 meses na África sub-saariana. Portanto, existem provas de que os produtos farmacêuticos trabalham em alguns casos porém a um alto custo”.

Dr. Damien Downing

Dr. Damien Downing

Porque, então, não se muda de uma vez a orientação de tão multimilionária como em geral inútil inversão realizada até agora em fármacos sintéticos, especialmente depois dos dados revelados pelo British Medical Journal e a denúncia das publicações científicas que de tempos em tempos põe em desconfiança a honestidade das investigações e ensaios clínicos das multinacionais farmacêuticas? E, sobretudo, porque não se põe em desconfiança os protocolos que se seguem hoje em dia apesar de que os mesmos profissionais que os aplicam constatam uma e outra vez a sua ineficácia? Que se passa com os médicos para que não reajam? Tanto medo lhes meteram no corpo?

Devemos explicar ao leitor não versado em Medicina que se chama “protocolo” a base de atuação que os médicos devem seguir diante de cada patologia. Quer dizer, em cada especialidade foram aprovados protocolos concretos para cada “enfermidade” que todo médico deve seguir como base para tratar aos enfermos. Como se realmente existissem “enfermidades” e não “enfermos”, como se cada caso não fora todo um mundo, um caso único. Protocolos que, especialmente nos recintos hospitalares, todo médico deve seguir se não quer se ver em problemas acossado por seus próprios companheiros. Bom, por quem cada especialidade se atribuiu a tarefa de defensores da ortodoxia. E pobre do médico que intente exercer a medicina segundo seu leal saber e entender! Claro que esta posição se embasava no fato de que tais protocolos entraram em um consenso a nível internacional pelos maiores especialistas de cada especialidade e isso lhes dava aparência de confiabilidade. Por isso que os demais os seguem sem suspeitar que o que se conseguia com eles não justificava sua aprovação e, o que é mais grave, que quem os propunha não era sempre independente já que muitos estavam a serviço das grandes multinacionais. Em outras palavras, a maior parte dos protocolos médicos têm sido impostos pela indústria farmacêutica através de seus peões. Pois bem, isto – que na revista tem sido denunciado com freqüência – demonstra agora a investigação do British Medical Journal ao corroborar, como já dissemos, que 87% dos tratamentos médicos não estão cientificamente avaliados.

EXEMPLO 1: OS TRATAMENTOS DO CORAÇÃO, SOB SUSPEITA

Vejamos alguns exemplos. Segundo um estudo da Universidade Norte-americana de Duke – publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA) – as evidências científicas que justificam os protocolos ou guias clínicos que os médicos utilizam para o tratamento das enfermidades do coração – causa número um de morte no mundo – são bem escassas. Uma análise de 16 guias de prática clínica (CPGs) – consideradas atuais pelo American College of Cardiology (ACC) e a American Heart Association (AHA) – revelou que das 2.711 recomendações para o diagnóstico e tratamento de diversas formas de enfermidades do coração só 11% se baseiam em múltiplos ensaios clínicos aleatórios (o mais alto nível de provas científicas). Além disso, quase a metade se baseia no nível de provas mais baixo aceitável: as opiniões dos médicos que redigem as guias de tratamento ou protocolos.

Journal of the American Medical Association (JAMA)

Journal of the American Medical Association (JAMA)

“Tendo em conta o nível atual das diretrizes de apresentação de informes de provas – assinala o artigo – só 314 das 2.711 recomendações (11%) se classificam como nível de evidencia A – o mais alto – enquanto 1.246 (48%) são provas de nível C. O nível dos dados varia significativamente entre as distintas categorias das diretrizes (enfermidade, intervenção ou diagnóstico) e nas diretrizes individuais”.

Observe a semelhança destas cifras com os resultados globais do British Medical Journal. Só 11% das recomendações padrão em problemas do coração estão avaliadas cientificamente; cifra que quase coincide com os 13% no caso dos tratamentos globais cientificamente contrastados pelos britânicos. E os 48% de baixo nível de constatação detectado pela Universidade de Duke em problemas cardíacos coincide quase com os 46% de falta de evidencia dos tratamentos a nível global.

Agregaremos que em algumas áreas comuns da Cardiologia a escassez de provas que avaliem as recomendações é chamativa. A terceira parte – 78 de 235 – no caso de uma angina estável recebeu um forte respaldo das mais recentes diretrizes de tratamento publicadas em 2002 quando só 15 (6,4%) contavam com múltiplos ensaios clínicos aleatórios que respaldaram essas conclusões.

Cabe acrescentar que nem os fármacos para prevenir a hipertensão arterial nem os que se recomendam para reduzir o colesterol obtiveram melhores resultados. Apesar da inversão massiva em ensaios clínicos realizada neles durante muitos anos pela indústria. Em 2006 o American College of Cardiology e a American Heart Association fizeram 48 recomendações das quais 38 – quer dizer, quase 80% – foram amplamente respaldadas. E, apesar disso, só 11 destas recomendações – 23% – se baseavam em múltiplos ensaios clínicos enquanto 33 – 69% – se baseavam em um único ensaio. E o habitual é que o fármaco recomendado seja financiado pela companhia que neste momento oferece o medicamento ao mercado.

“As recomendações formuladas nas atuais guias de prática clínica pelo American College of Cardiology e pela American Heart Association – asseveram os especialistas da Universidade de Duke que realizaram o estudo – se desenvolveram em grande medida com baixos níveis de provas e/ou simples opiniões dos especialistas. A proporção de recomendações para as que não existem provas concludentes também vêm aumentando. Estas conclusões destacam a necessidade de melhorar o processo de redação das diretrizes e de ampliar a base de provas das que derivam as guias da prática clínica”.

Acrescentaremos que em um editorial de Terrence M. Shaneyfelt e Robert M. Centor – membros da Faculdade de Medicina da Universidade de Alabama – que acompanham o estudo contribuem com uma explicação sobre o porquê das guias de tratamento receberem opiniões autorizadas apesar da debilidade das provas. “As diretrizes – afirmam ambos os médicos – se converteram com freqüência em ferramentas de marketing para os fabricantes de dispositivos e fármacos. Os vínculos financeiros entre os membros do grupo do painel que elabora as diretrizes e a indústria são habituais”. Na compreensão dos autores do editorial há demasiados conflitos de interesses em torno das diretrizes, tanto privados como governamentais. “Se tudo o que se pode conseguir são declarações parciais de consenso minimamente aplicáveis, talvez as diretrizes devessem ser evitadas por completo”, agregam.

E estamos falando das “diretrizes que se encontram por trás do tratamento da primeira causa de mortalidade no mundo o que supõe bilhões de inversão e gasto farmacéutico.

Sem comentários.

EXEMPLO 2: ESTUDOS FALSOS COMO BASE DE TRATAMENTOS

Dr. Reuben Scott Reuben

Dr. Reuben Scott Reuben

Faz tão somente umas semanas que se supôs que Scott Reuben, “prestigiado” anestesiologista e professor da Universidade de Tufts em Massachusetts (EUA), havia falsificado ao menos 21 dos 72 estudos de investigação publicados em revistas médicas entre 1996 e 2008. Como a revista Scientific American publicou o trabalho de Reuben invariavelmente parecia destinado a fomentar nos cirurgiões o abandono dos analgésicos antiinflamatórios mais antigos e menos custosos em favor dos mais novos e mais caros, os conhecidos COX-2 como Celebrex – da Pfizer – o Vioxx – da Merck -, medicamentos suspeitos de causar efeitos secundários tão graves como ataques cardíacos e acidentes cerebrovasculares. Vioxx foi retirado do mercado em 2004 e é considerado como responsável pela morte de milhares de pessoas só nos Estados Unidos. Pois bem, Reuben chegou ao ponde de publicar um estudo destinado a dissipar as preocupações que tinham os cirurgiões ortopédicos sobre o efeito de que os COX-2 pudessem inibir o crescimento dos ossos. Os estudos em animais assim pareciam confirmá-lo e essa era a razão pela qual muitos médicos ortopédicos desaconselhavam a seus pacientes tomar COX-2 depois das cirurgias de ossos. Por isso Reuben publicou um estudo no Journal of Bone and Joint Surgery segundo o qual devia descartar-se esta preocupação. E devido ao seu prestigio muitos cirurgiões ortopedistas começaram então a utilizar os COX-2 com mais freqüência. Reuben se converteu assim em prolífico difusor dos “prodígios” obtidos por esses medicamentos. O fato de que ambos os laboratórios logo se converteram em patrocinadores da Orthopedic Anesthesia, Pain and Rehabilitation Society (OAPRS), entidade fundada pelo próprio Reuben com a intenção de criar uma subespecialidade que pudesse definir provavelmente novos tratamentos, foi supostamente pura coincidência.

celebrex20020

Vioxx Class Action

Em qualquer caso o grave deste assunto não foi que Reuben manipulou ou inventou os dados, mas que os publicou e por isso se converteu em um especialista amplamente lido, difundido e citado em outras publicações. Por exemplo, sua publicação inventada sobre os benefícios dos COX-2 para os pacientes de cirurgia de joelho foi citada pelo menos em 20 outros artigos. E como em um círculo perverso sua fama -adquirida fraudulentamente segundo se denuncia agora – o levou a participar de numerosos congressos médicos com o que seu nome adquiriu maior notoriedade convertendo-se em um líder de opinião de sua especialidade.

Como o leitor já inferiu, o caso de Reuben abriu muitas incógnitas. A primeira é como é possível que seus artigos inventados tiveram co-autores, quer dizer, colegas reais que aceitavam confirmar com ele. Porque esses médicos e investigadores afirmaram umas investigações repletas de fantasias que afetavam a pacientes reais! Obviamente cabe perguntar-se também que vínculos econômicos diretos havia entre esses indivíduos e as empresas farmacêuticas. E por último – e quicas mais importante ainda – porque os editores de varias revistas aceitaram sua publicação sem apresentar nunca nenhuma objeção ao fato evidente de que a investigação de Reuben sempre mostrava resultados positivos para os COX-2. Sem dúvida as relações perversas muitas vezes denunciadas da indústria com médicos e publicações científicas não parecem estar livres de escândalo.

A agencia Associated Press assegura que as revistas implicadas já começaram a retirar os escritos do doutor Reuben porém tendo em conta que ele também foi revisor de artigos de outros investigadores apresentados para sua possível publicação no Journal of Bone and Joint Surgery e em Arthroscopy.com é óbvio que qualquer artigo revisado por ele também deveria ser reexaminado.

A conclusão é que as desonrosas ações de Reuben afetaram – e possivelmente puseram em perigo – a milhões de pacientes em todo o mundo. Como conseqüência de suas manobras muitos médicos receitaram medicamentos provavelmente eficazes para a dor porém perigosos e que poderiam afetar os mecanismos de fusão dos ossos que sofreram diferentes procedimentos cirúrgico-ortopédicos. Com Reuben a investigação médica, os processos de publicação e as evidencias científicas que avaliam os tratamentos voltaram a cair – pela enésima vez – sob suspeita.

EXEMPLO 3: 2,5% DE EFICÁCIA NO CÂNCER

Vejamos um último exemplo que avalia as conclusões do British Medical Journal. Esta vez sobre o câncer. Em 2005 foi publicado na Clinical Oncology um artigo intitulado The Contribution of Cytotoxic Chemotherapy to 5-year Survival in Adult Malignancies (Contribuição da Quimioterapia citotóxica à sobrevivência de 5 anos em cânceres malignos de adultos) que pretendia quantificar o beneficio real da quimioterapia no tratamento de adultos com tipos comuns de câncer. Pois bem, a revisão foi realizada por três oncologistas: Graeme Morgan – radio-oncologista do Royal North Shore Hospital de Sydney -, Michael Barton – radio-oncologista e membro do Collaboration for Cancer Outcomes Research and Evaluation, Liverpool Health Service – e Robyn Ward – oncologista no St. Vincent’s Hospital da Universidade de Nueva Gales do Sul (Austrália) e membro do Therapeutic Goods Authority do Departamento de Saúde e Idade do Governo Federal, o organismo que aconselha ao Governo sobre a conveniência e eficácia dos medicamentos. E ainda que suas conclusões tenham sido demolidoras o estudo apenas teve repercussão internacional porque já se sabe que a indústria farmacêutica controla tudo o que se publica nos grandes meios de comunicação.

Quimioterápicos

Quimioterápicos

Bom, pois o estudo derrubou outro dos mitos criados em torno do câncer à mercê das campanhas de marketing da grande indústria farmacêutica. “Alguns médicos – afirmam os autores do estudo – são ainda otimistas a respeito de que a quimioterapia citotóxica melhorará significativamente a sobrevivência do câncer (…) Entretanto, apesar do uso de novas e caras drogas, isoladas ou em combinação para melhorar a taxa de resposta, o impacto do uso dos novos tratamentos tem sido escasso”. Mais claro, impossível. Porém onde o artigo resultava demolidor era na hora de valorizar as frias cifras relacionadas com os cânceres mais importantes e mortais. “(..) No câncer de pulmão – pode ler-se – a sobrevivência media  aumentou em somente 2 meses (durante os últimos 20 anos) e só se conseguiu um beneficio de sobrevivência global de menos de 5% no tratamento adjuvante de cânceres de mama, cólon, cabeça e pescoço”.

Os autores concluíram que a quimioterapia contribuía para aumentar a sobrevivência dos adultos em uns 2,3% na Austrália e em uns 2,1% nos Estados Unidos pelo que deduziram que o beneficio nos demais países desenvolvidos devia estar em 2,5% no melhor dos casos; quer dizer, sendo otimistas.

A primeira conseqüência de uma hipervalorização dos tratamentos atuais, como é fácil de entender, sofrem os próprios pacientes. “O impacto mínimo sobre a sobrevivência nos casos mais comuns de câncer – adicionam Morgan, Barton e Ward – choca com as percepções de muitos pacientes que sentem que estão recebendo um tratamento que reforçará suas oportunidades de cura significativamente (…) Em parte isto ocorre pela apresentação dos dados como uma redução no risco em lugar de como um beneficio de sobrevivência absoluto”. Convém explicar que o risco relativo é um meio estatístico que permite expressar o beneficio de receber uma intervenção médica de modo que, sem ser tecnicamente inexato, tem o efeito de apresentar a intervenção como algo muito mais benéfica do que é na realidade. Assim, se receber um tratamento permite reduzir as possibilidades de recaída, enfermidade ou risco de um paciente de uns 4% para uns 2% pode expressar-se como uma diminuição de 50% sem que se esteja mentindo. Porém o que o paciente não entende é que esse tratamento só lhe oferece uma redução de 2% – e não de 50% – no risco absoluto. Claro que isso soa muito menos convincente e a maior parte dos pacientes não aceitaria o tratamento.

“Não existe tampouco nenhuma evidencia convincente – escrevem – de que usando tratamentos com drogas mais novas e mais caras exista um beneficio superior aos tratamentos usados nos anos setenta”. Em resumo, os autores declaram: “A introdução da quimioterapia citotóxica para os tumores sólidos e o estabelecimento da sub-especialidade de oncologia médica foi aceita como um adiantamento na direção de um melhor controle do câncer. No entanto, apesar das afirmações dos primeiros tempos que apresentavam a quimioterapia como a panacéia para curar todos os cânceres o impacto da quimioterapia citotóxica se limita a um subgrupo pequeno de pacientes e principalmente ocorre nas malignidades menos comuns”.

Logicamente a publicação deste demolidor informe suscitou a reação de alguns oncologistas. O jornalista Norman Swan entrevistou por exemplo para a Corporação da Radiodifusão Australiana (ABC) o doutor Michael Boyer – Chefe de Oncologia do Hospital Real Príncipe Alberto da Austrália – y este começou sugerindo que a eficácia da quimioterapia era na realidade mais alta do que o estudo sugeria porém quando foi pressionado para que dissesse quanto mais acrescentou que “uns 5 ou 6%” em lugar de 2,5%”.

Paciente em quimioterapia

Paciente em quimioterapia

Recordemos com o efeito de valorizar a realidade dos dados aportados pelos investigadores australianos que um ano antes, em 2004, o epidemiologista alemão Dieter Hoelzel – do Centro Clínico da Universidade de Munique (Alemanha) – afirmou com rotundidade que nos últimos 25 anos não houve  “nenhum progresso” na sobrevivência de câncer metastático de cólon, peito, pulmão e próstata, causas de 80% das mortes por esta enfermidade nos países desenvolvidos e os mais habituais destinatários da quimioterapia. Em suas conclusões Hoelzel não incluiu a quimioterapia aplicada ao linfoma de Hodgkin e não Hodgkin, a leucemia, o sarcoma e o câncer testicular. Nem tampouco a quimioterapia utilizada para reduzir os tumores antes da intervenção cirúrgica ou destinada a destruir as células tumorais depois de uma operação.

Em suma, quem depois de conhecer todos estes dados – começando pelas reveladoras cifras do Clinical Evidence – continua utilizando como arma de arremesso as famosas “evidencias científicas” melhor fariam em revisar as bases de seus conhecimentos médicos e de sua prática clínica. E logo recordar que o primeiro princípio é “não danificar”.

“As cifras anteriores – escrevem os autores do Clinical Evidence – indicam que a comunidade científica tem uma grande tarefa pela frente e que a maioria das decisões sobre os tratamentos recaem ainda nos juízos clínicos e nos pacientes”. Em suma, do juízo clínico do médico, produto de sua experiência diária e da atitude do paciente. Dois axiomas que igual valem tanto para os médicos convencionais quanto para os médicos naturistas e demais profissionais da saúde. Que ninguém esqueça disto.

Fonte:

[1] Antonio F. Muro, traduzido do espanhol de [http://www.dsalud.com/numero116_1.htm].

2 comentários

    • Renata em 6 de novembro de 2010 às 16:56
    • Responder

    Boa Tarde Doutor,

    Gostaria de saber se existe algum tratamento para calculos na vesicula, ou somente a cirurgia é a solução?

    Desde já agradecida!

    Att,
    Renata – 22 anos

    1. Oi, Renata!
      Tem um tratamento muito bom e que já fez alguns pacientes meus eliminarem dezenas de cálculos biliares, desenvolvido por uma pesquisadora americana chamada Hulda Clark: http://www.drclark.net/
      Estou colocando aqui 2 sites que trazem como fazer o que ela chama de “Limpeza do fígado”, que serve para este propósito, ok? [http://inforum.insite.com.br/39550/6720127.html] [http://zappersaude.spaces.live.com/blog/cns!58213CCA5F2CB7D6!299.entry]
      Este tratamento só não funciona se a pessoa tiver uma única pedra e que seja grande demais para passar pelo canal da vesícula. Abs.

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.